quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Reflexões sobre o 3º Capítulo


Papert no capítulo III aborda dois pontos de vista referentes à exploração \navegação na internet:um lado mais positivo e outro mais negativo."O lado positivo consiste na oportunidade para dar asas a interesses pessoais". Concordo com esta frase já que a internet com a sua utilização permite-nos visualizar,testar,testemunhar um conjunto de situações,conhecimentos,temas.Isto tudo e mais alguma coisa são potenciais sedutores da nossa atenção e curiosidade, assumindo um papel importante na auto-realização pessoal, concretamente em mim. O lado negativo,segundo Papert centra-se na ideia de procurarmos a internet como única solução para a resolução de problemas.Há também outras formas aliciantes de procurarmos informação:livros,televisão...


A Loja ABACUS

Papert, ao apresentar o contraste entre a loja Abacus e a "megastore" recheada de "títulos" de software, apresenta uma metáfora perfeita relativamente ao que se considera "aprendizagem tradicional" e "aprendizagem por computador". Num lado temos o contacto humano , o ambiente calmo e tranquilo, a disponibilidade para esclarecer todas as dúvidas que surjam. No outro extremo aparece um mundo impessoal, onde as pessoas têm de decidir por si próprias de um manancial enorme de opções, onde não existe comunicação humana. Talvez seja importante reflectir sobre isto...talvez seja importante que antes de surgir a quantidade surja a qualidade.


Que Software?

Neste capítulo, Papert alerta para a diferença existente entre o software mais fácil e barato de produzir que dá lucro às empresas e o software criado com base numa filosofia educativa. Em geral, os pais aceitam e compram com mais facilidade o software de baixa qualidade educativa pois, é aquele que existe em maior quantidade e, porque não possuem conhecimentos nem informações que lhes permitam discernir qual o software mais adequado para os seus filhos em termos pedagógicos. Isto só prova que, cada vez mais, tudo é determinado e funciona em torno de interesses comerciais/económicos, até mesmo “as vidas intelectuais das crianças”.


O problema da escolha dos programas ou jogos educativos

A maior parte dos jogos procura apenas treinar as crianças para uma dada resposta, tornando-as máquinas de repetição. Por exemplo, se quer ensinar a tabuada, adquirem-se jogos que apresentem pequenos exercícios de multiplicação de modo a que a criança memorize essas operações. Ora, isto é apenas uma abordagem instrucionista, que também faz falta, é certo, mas que de modo nenhum é a mais importante.

Há que escolher jogos que promovam as aprendizagens significativas, que coloquem problemas e que levem as crianças a encontrarem respostas para esses problemas, que fomentem a curiosidade, o gosto pela investigação, a imaginação e a criatividade, no fundo, que promovam uma abordagem cujo paradigma seja o cognitivo-contextual. É importante que as crianças encontrem uma razão para aprender. Não se deve dar um jogo à criança «para que ela não se aperceba de que está a prender» , evidenciando que o aprender é «uma pílula amarga».

Os objectivos dos pais e professores não podem ser a indução de determinados conhecimentos, de modo a torná-los despercebidos na dieta intelectual da criança, mas antes procurarem e descobrirem o que as crianças irão gostar de aprender. Para isso, os educadores têm de observar, de ouvir, para conhecerem o ser que cada criança é, os seus interesses pessoais, os seus estilos de aprendizagem e, assim , criarem situações que possam interessar os seus educandos. Muitas vezes a criança não gosta de estudar, não por achar difícil, mas por achar aborrecido.


" As crianças, tal como todas as outras pessoas, não preferem a «facilidade», querem o «desafio»e o «interesse», o que implica «dificuldade»".


O pouco conhecimento dos pais em tecnologia

Papert aborda também este problema bastante comum, na medida em que muitos dos pais não têm o conhecimento suficiente sobre os bons e os maus softwares educativos e ainda sobre aqueles que seriam mais apropriados para cada idade. E mesmo não tendo esse conhecimento também são poucos aqueles que investigam e tentam saber antes de o comprar se aquele será ou não apropriado para o seu filho. Assim, não avaliam o software que vão comprar e isso pode ser prejudicial para a criança, em vez de a ajudarem na sua aprendizagem que era certamente esse o objectivo dos pais, acabam por fazer o contrário."Um pai que se confronta na loja com um produto que promete ensinar a uma criança de três anos os rudimentos da matemática, esquece-se de avaliar a complexidade da escolha. (...) Ensina matemática (...). Deve ser melhor que um qualquer jogo de vídeo idiota.(...) Infelizmente pode ser prejudicial.

Fluência (fluência computacional, fluência na aprendizagem, fluência tecnológica)

Papert dá-nos o exemplo do seu neto com apenas 3 anos de idade para nos mostrar a facilidade que as crianças têm em trabalhar com a tecnologia. As crianças aprendem fazendo - adquirem conhecimento sobre o mundo físico e social ao redor delas por meio de uma interacção lúdica com objectos e pessoas. Não é necessário forçá-las a aprender; são motivadas pela percepção do seu próprio mundo. Mas também a facilidade de utilização da tecnologia, a qualidade de produtos específicos aliada à capacidade natural das crianças dominarem o computador, tornam-no uma ferramenta absolutamente incontornável nos diferentes contextos de aprendizagem, consequentemente nos diferentes estádios de desenvolvimento pessoal.



Da leitura que fiz do capitulo 3, achei que era importante publicar os principios a ter em conta na escolha dos programas, por isso fiz uma sintese destes, destacando assim os pontos essenciais:

Procure um Software que:

Permita a quem aprende encarregar-se das suas explorações, construções e criações;

Permita que os raciocínios difíceis e a aprendizagem de factos possam ser treinados e reforçados durante a construção de mundos simulados;

Permita à criança fazer algo que possa partilhar consigo ou com outras pessoas;

Seja interessante;



Afinal o que interessa mais: ter lucros financeiros e contribuir para o crescimento económico de uma sociedade ou formar e educar crianças com base numa filosofia educativa?

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