segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Primeiro Capítulo: As primeiras impressões

Ao terminar a minha primeira leitura do livro de Seymour Papert, “A Família em Rede”, no primeiro capítulo fiquei com a sensação que vou gostar muito de o ler e que me vai deixar a reflectir sobre muitas questões relacionadas com conceitos tecnológicos. Gostei também particularmente da linguagem utilizada pelo autor e da sua maneira de nos transmitir o que sente.
Senti que "Família em rede" é um livro que tem como principal objectivo criar no leitor um espirito de interactividade com o computador. Não devemos temê-lo, ao computador, devemos antes procurar através dele o conhecimento da realidade.

Pesquisei um pouco sobre o porquê do título "Família em rede" e percebi que segundo Papert, " a presença do computador deve ser vista como fazendo parte da rede, de relações e sentimentos, psicológicamente que caracteriza uma família".Se por um lado o computador pode ajudar a família a encontrar um novo meio de comunição entre si, pode ajudar a torná-la mais sólida, onde cada elemento da família passa a ter um papel mais importante na aprendizagem de cada um
O começo do livro « A Família em rede» de Seymour Papert, aponta para a ideia de que nos dias de hoje as crianças familiarizam-se, desde muito cedo, com as mais modernas tecnologias. Não podemos definir uma idade adequada para a introdução da informática às crianças, pois depende do seu grau de desenvolvimento, da relação entre a idade e a sua maturidade. No entanto, a maior parte sente-se perfeitamente à vontade em frente dos computadores e, principalmente, nas grandes cidades entram em contacto muito cedo com a informática, quer seja na escola, em casa ou mesmo em escolas que ensinam informática para as crianças. O espírito aberto das crianças, aliado a uma grande destreza dota-as de uma grande capacidade de aprendizagem para tudo o que se relaciona com máquinas, botões, sons, luzes, etc. Através de métodos e técnicas vão evoluindo e aprendem a explorar as possibilidades do computador e a descobrir as suas próprias capacidades. Segundo as palavras do autor as crianças: "Sabem que pertencem à geração dos computadores”
Ainda neste primeiro capítulo da obra «A Família em rede» de Seymour Papert a minha atenção focou-se para um conceito que o autor refere como sendo a " liberadade reconquistada". Neste sentido, uma expressão popular muito utilizada diz que: um exemplo vale por mil palavras. Se considerarmos que a imagem é também um exemplo, podemos, por analogia, fazer a mesma afirmação. Os educadores, talvez mais do que outros profissionais, sabem o poder didáctico que qualquer imagem tem e utilizam este recurso com grande frequência, pode-se dizer, até, diariamente. A imagem tem o poder de criar e recriar a realidade independentemente do tempo e do espaço que se pretende representar. Desta verdade, há muito tempo cientificamente reconhecida e pesquisada, emergiram várias aplicações não só no dia-a-dia das escolas, mas no de cada cidadão ao longo de toda a sua vida e, entre elas, tem vindo a emergir o uso de novas tecnologias. De facto, a liberdade de escolha de uma criança antes do "florescer" das novas tecnologias era muito inferior ao que uma colecção de vídeos, CD-ROM e a Internet facultam hoje a uma criança, o que por sua vez é muitíssimo inferior ao que as crianças terão à sua disposição dentro de poucos anos. A maior liberdade de escolha das crianças, alterará dramaticamente o modo com estas aprendem e se desenvolvem.
Papert dá-nos o exemplo do seu neto com apenas 3 anos de idade para nos mostrar a facilidade que as crianças têm em trabalhar com a tecnologia. As "crianças aprendem fazendo - adquirem conhecimento sobre o mundo físico e social ao redor delas por meio de uma interacção lúdica com objetos e pessoas. Não é necessário forçá-las a aprender; são motivadas pela percepção do seu próprio mundo." Mas também a facilidade de utilização da tecnologia, a qualidade de produtos específicos aliada à capacidade natural das crianças dominarem o computador, tornam-no uma ferramenta absolutamente incontornável nos diferentes contextos de aprendizagem, consequentemente nos diferentes estádios de desenvolvimento pessoal.
Ainda neste primeiro capítulo, a frase "O que os pais precisam de saber sobre computadores não é na realidade sobre computadores, mas sim sobre a aprendizagem" despertou em mim alguma curiosidade. Nunca tinha pensado as coisas desta forma, mas depois de ler todo o primeiro capítulo, não posso deixar de concordar. De facto, parece haver uma "dificuldade em perceber os computadores" que é mais uma "dificuldade de aprendizagem". Dá toda a sensação que os adultos se resignam ao que já sabem, pensando que não necessitam aprender quase mais nada, ou pelo menos algo que seja diferente daquilo que aprenderam enquanto crianças ou jovens.Já que no mundo de hoje, as crianças utilizam o computador nas suas aprendizagens, seria importante para elas, que os adultos (principalmente os seus pais) se interessassem pelas aprendizagens que o computador permite e, como o autor refere, que essas aprendizagens fossem feitas em conjunto, tornando-se mais positivas e ricas.
Numa sociedade em que os computadores ocupam um posição cada vez mais importante e em que na maoiria dos lares existe pelo menos um computador, é no mínimo perturbante notar que existe uma discrepância enorme entre conhecimentos, nomeadamente, entre crianças/adolescentes e adultos. Vivemos numa época em que é suposto os mais novos aprenderem com os mais velhos e os mais velhos com os mais novos, e este tipo de aprendizagem aplica-se também no mundo dos computadores. No entanto, os adolescentes aparentam saber muito mais de computadores do que muitos adultos, que simplesmentre se recusam a aprender, muitas vezes por uma questão de orgulho, para não se sentirem inferiorizados perante os seus filhos. Acho que este primeiro capítulo elucida extremamente bem este aspecto, elucidando os leitores de que é preciso saber conviver com esta nova tecnologia, que em pouco tempo se tornou indispensável para muitas pessoas e que futuramente se vai tornando cada vez mais importante, contudo, acho que não se deve exagerar no uso dos computadores, ignorando o mundo real, o contacto directo com as pessoas, um mundo para lá de quatro paredes em que só olhamos e interagimos com um monitor e um teclado.

1 comentário:

Joana disse...

Parabéns!
Muito boa reflexão, articulada e cuidada.
Sugiro que os posts quando são muito longos sejam divididos em 2 3, de acordo com cada "ideia"/tópico que se pretende abordar e desenvolver.

Joana Viana